Notícias

9 de setembro de 2016

Encontros entre Brasileiros e Norte-Americanos no Século XIX

Entre 1822 e 1889, o Brasil teve dois imperadores e os EUA dezoito presidentes. Em 1815, sete anos após a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, o príncipe regente D. João assinou decreto criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, legalizando, assim, o fim da condição colonial do Brasil. Navios mercantes norte-americanos já frequentavam os portos do Recife, Rio de Janeiro e de Salvador, cidades onde foram abertos consulados para atender às tripulações e a requisitos burocráticos. Os EUA, que defendiam a autonomia do continente americano, foram os primeiros a reconhecer a independência do Brasil de acordo com a doutrina Monroe, contrária às pretensões colonialistas europeias.

Em maio de 1824, Silvestre Rebello foi nomeado Encarregado de Negócios de Sua Majestade Imperial em Washington. Ao mesmo tempo, Condy Raguet, cônsul americano no Rio de Janeiro, assumiu a Encarregatura de Negócios com instruções para incrementar o comércio entre os dois países, pois a Inglaterra, parceira estratégica de Portugal, desfrutava de privilégios comerciais devido à antiga aliança luso-britânica. Até a Proclamação da República, o Brasil teve dezesseis encarregados de negócios e ministros chefiando a delegação em Washington, e os EUA foram representados em nosso país por dezessete diplomatas.

A Guerra de Secessão, entre 1861 e 1865, teve repercussões no Brasil e nas relações entre os dois países. Simpatizantes brasileiros, proprietários de escravos e latifundiários, manifestaram seu apoio à causa sulista apesar do governo imperial ter declarado neutralidade no conflito. Alguns navios confederados fundearam em portos do Maranhão, Pernambuco e Bahia em busca de reparos e abastecimento de carvão e alimentos, gerando protestos do governo da União. Ao término da Guerra de Secessão, alguns milhares de confederados e suas famílias, procedentes dos estados do Alabama, Texas, Mississipi, Tennessee, da Louisiana, Virginia, Georgia, dentre outros, embarcaram em pequenos vapores rumo aos portos de Belém, Vitória, Santos e do Rio de Janeiro. Tentavam recomeçar a vida, e muitas centenas atenderam ao convite do Imperador D. Pedro II, que, interessado em desenvolver a cultura do algodão e povoar áreas desabitadas, oferecia incentivos fiscais e subsídios para custear a viagem.

Embora a grande maioria dos confederados instalados em comunidades como Santarém, Linhares e Iguape tenha retornado aos EUA após penosos anos de adaptação ao clima e meio ambiente, a maior e mais importante comunidade de descendentes está localizada em Americana e Santa Bárbara do Oeste, no estado de São Paulo.

Em 1876, D. Pedro II, Imperador do Brasil, visitou os EUA e, na Philadelphia, em companhia do presidente Ulysses Grant, abriu oficialmente a exposição comemorativa do primeiro centenário da independência americana. Lá, conversou com Thomas Edison e Alexandre Graham Bell, que demonstrava sua nova invenção, o telefone. Ao experimentá-lo, D.Pedro II não conteve o entusiasmo e exclamou: “My God! It speaks!“ O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a ter um telefone, instalado no palácio em Petrópolis. Homem culto, interessado por ciência e tecnologia, D.Pedro II percorreu os EUA durante três meses em viagens de trem, barco e carruagem. O imperador cidadão conheceu intelectuais e cientistas, visitou museus, universidades, instituições acadêmicas e foi acolhido na república democrática com expressivas provas de respeito e amizade.